Vaticano defende manual cristão sobre gênero nas escolas 

Documento emitido pela Congregação para a Educação Católica critica ideologia de gênero e afirma que universidades e escolas católicas devem produzir material didático que contemple “visão cristã de homem e mulher”. 

A Congregação para a Educação Católica, organização do Vaticano, publicou ontem (10), o documento “Homem e Mulher Ele os criou: rumo a um caminho de diálogo na questão da teoria de gênero na educação”. Segundo a Santa Sé, o objetivo é orientar as discussões escolares sobre sexualidade de forma “metódica”, com base em pesquisas científicas consideradas relevantes pela Igreja, e não no que o texto chama de “teoria de gênero”. 

Para a Igreja, “a desorientação antropológica” caracteriza a atualidade e contribui para “desestruturar a família”, com a tendência de anular as diferenças entre homens e mulheres, o que é visto na carta como algo negativo. 

A congregação propõe três atitudes para tratar o assunto: ouvir, refletir e apresentar propostas. Para fazer frente à “teoria de gênero”, a Igreja sugere que faculdades católicas e escolas criem “novos materiais de ensino, obras de referência pedagógica e manuais de ensino baseados na visão cristã do homem e da mulher”. 

No capítulo “ouvir”, o texto resume o que seria a “teoria de gênero”: uma “ideologia” que defende o “direito de escolher o gênero” e a orientação sexual.  “O conceito de gênero é visto como dependente da mentalidade subjetiva de cada pessoa, que pode escolher um gênero que não corresponda ao seu sexo biológico”, afirma a Santa Sé. 

No entanto, o conceito de “opção sexual” como uma escolha racional já foi deixado de lado pela antropologia, sendo substituído pela “orientação sexual”. Da mesma forma, a identidade de gênero não é uma escolha, mas sim a percepção que uma pessoa tem de si. 

“O declínio da cultura do casamento está associado ao aumento da pobreza” 

O documento defende que “a diferença sexual entre homem e mulher é constitutiva da identidade humana” e que “a negação dessa dualidade não apenas apaga a visão dos seres humanos como o fruto de um ato de criação, mas cria a ideia da pessoa humana como uma espécie de abstração que escolhe por si mesma como deve ser sua natureza”. 

O texto afirma que a teoria de gênero “nega a diferença e a reciprocidade na natureza de um homem e uma mulher e prevê uma sociedade sem diferenças sexuais”, o que seria ruim aos olhos da Igreja pois eliminaria “a base antropológica da família”. Ainda segundo o documento, “o declínio da cultura do casamento está associado ao aumento da pobreza”. 

Sobre casais homoafetivos com filhos, a Igreja afirma que “se não há dualidade pré-ordenada de homem e mulher na criação, então nem a família é mais uma realidade estabelecida pela criação”. 

Críticas à fertilização in vitro 

Nas 31 páginas também há críticas à fertilização in vitro: “o uso de tal tecnologia não é um substituto para a concepção natural, pois envolve a manipulação de embriões humanos, a fragmentação da paternidade, a instrumentalização e/ou comercialização do corpo humano, bem como a redução de um bebê a um objeto nas mãos da ciência e tecnologia” 

Assinado pelo cardeal Giuseppe Versaldi, prefeito da congregação, o texto cita uma “crise educacional” no que diz respeito a temas como afetividade e sexualidade. 

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