dom, 04 de maio de 2025

Soco provocou morte de advogado em Rio Preto, diz laudo do IML

Exame necroscópico concluiu que a morte do advogado Celso Wanzo foi em decorrência de traumatismo cranioencefálico, provocado pelo soco dado pelo síndico Emerson Ricardo Fiamenghi

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que o soco dado pelo síndico e gerente financeiro Emerson Ricardo Fiamenghi, de 44 anos, provocou a morte do advogado Celso Wanzo, 58, em Rio Preto. A agressão aconteceu em frente a um condomínio na avenida Juscelino Kubitschek na tarde do dia 12 de fevereiro. Celso morreu na madrugada de domingo, 13.

Segundo o laudo, a morte foi “em consequência de traumatismo cranioencefálico, devido à ação vulnerante de agente contundente”. O delegado João Lafayete Sanches Fernandes, do 1º Distrito Policial, diz que o soco afetou todo o lado esquerdo do rosto da vítima, onde foram constatadas diversas fraturas.

“Foi como se tivesse moído essa parte do lado esquerdo onde ele levou o soco. Então, foi em virtude desse soco que houve o trauma e que levou ao óbito”, afirmou o delegado, que afastou a hipótese de que a queda tenha sido a causa da morte. “Quando ele caiu, houve também lesões na parte de trás, só que as lesões principais que levaram à morte foram do soco”, completou Lafayete.

O delegado diz ainda que, segundo relato do autor, o crime seria preterdoloso, ou seja, Emerson agiu com dolo (com intenção) de lesionar, mas com culpa (sem intenção) no resultado, que foi a morte da vítima. “Aí nós temos lesão corporal seguida de morte, que é uma pena que vai de 4 a 12 anos (de prisão)”. Nesse caso, o autor passa por um julgamento comum.

Outra linha de investigação trabalha com a hipótese de homicídio com dolo eventual, isto é, que o autor tenha assumido o risco de matar. “Ele não queria o resultado morte, mas assumiu o risco com o soco e o fato de a vítima não estar esperando aquele soco, da forma forte e brutal como foi dado. Um soco potente. Então, ele deveria supor que poderia ocorrer a morte, não desejada, mas prevista”, explica. Nesse caso, a pena vai de 12 a 20 anos de prisão e a condenção é dada pelo Tribunal do Júri.

Emerson alega que agiu em legítima defesa, porque estaria “acuado”. A versão é contestada pela família da vítima. O síndico chegou a ser preso em flagrante após o crime, foi solto mediante pagamento de fiança de R$ 5 mil, mas voltou à prisão após a Justiça decretar sua prisão preventiva. A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça, que acatou o habeas corpus, permitindo que Emerson respondesse em liberdade pelo crime.

Em nota, os advogados do síndico reafirmaram que a morte não foi intencional e destacaram o comprimisso de Emerson em continuar colaborando com a Justiça e com a polícia. “É preciso destacar que lamentamos muito a morte do Sr. Celso e nos compadecemos com a dor da família e amigos”, diz a nota assinada pelo escritório Fabretti, Tolentino, Massad, Matos Advogados Associados.

O caso
Celso morreu após ser atingido por um soco no rosto, dado por Emerson, que, momentos antes, fez uma série de provocações ao advogado, que estava na sacada de seu apartamento. Como Celso era palmeirense e Emerson corinthinano, as provocações começaram por conta da derrota do Palmeiras para o Chelsea no Mundial de Clubes, mas o conflito entre os dois, por questões do condomínio, era antigo, segundo a família os advogados da vítima.

Quando Celso desceu para falar com Emerson, foi atingido por um soco no rosto, perdeu a consciência e caiu. Ele chegou a ser levado pela mulher ao Hospital de Base, onde recebeu atendimento emergencial, mas morreu em decorrência do ferimento.

Durante a reconstituição do crime, Emerson mostrou o local onde desferiu o soco no rosto de Celso, que caiu em um gramado próximo à pista de caminhada da avenida, fora do condomínio. O síndico admite que chamou o advogado para brigar, mas alega legítima defesa porque achou que Celso iria agredi-lo e decidiu agir primeiro.

A família da vítima contesta essa versão e sustenta a tese de que houve homicídio qualificado. “Ele chamou, deliberadamente, o doutor Celso, que desceu e foi agredido com um soco potentíssimo, que perfurou o cérebro da vítima, provocando a morte quase que instantânea. Entrou em convulsão, teve morte cerebral e morreu de madrugada”, afirmou o advogado Mário Guioto Filho, que representa a família de Celso.

Marco Antonio dos Santos e Gabriel Vital – diarioweb.com.br

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