Morte de adolescente foi crime premeditado por suspeito, aponta investigação

A jovem estava desaparecida desde o dia 27 de julho. O corpo dela foi encontrado na noite de sexta-feira, 4, enterrado em um canavial em Neves Paulista

O trabalhador rural Adriano José da Silva, 36 anos, autor confesso do assassinato da jovem Ana Cristina da Silva, 15 anos, contou ter alugado um carro e se escondido debaixo da cama da vítima antes de raptá-la para uma chácara, em Mirassol, onde ela foi estuprada e morta horas depois. A jovem estava desaparecida desde o dia 27 de julho. O corpo dela foi encontrado na noite de sexta-feira, 4, enterrado em um canavial em Neves Paulista. Ele vai responder pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver.

Segundo depoimento do investigado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Rio Preto, em 27 de julho, dia do desaparecimento da jovem, ele entrou na casa onde a vítima morava com a mãe e o irmão, durante a tarde. Para não ser visto, ele se escondeu debaixo da cama da jovem. No meio da madrugada, quando todos dormiam, ele saiu de debaixo da cama, dominou a vítima e a levou para o carro que tinha alugado, dias antes em uma locadora de veículos da cidade.

Ana Cristina foi levada para casa de Adriano, em uma chácara da patroa do suspeito, em Mirassol. Neste local, ele a estuprou e matou por esganadura. Na mesma madrugada, do dia 28 de julho, ele enrolou o corpo da jovem em um plástico preto, já preparado previamente, colocou no porta-malas do carro e levou para um canavial em Neves Paulista. A suspeita é que ele já tinha aberto a cova dias antes, devido à profundidade em que o corpo foi encontrado.

Casado com a mãe da jovem, Carla Cristina da Silva Nascimento, Adriano foi padrasto da adolescente por 12 anos. O relacionamento acabou há três meses por divergências do casal.

Adriano chegou a ir com a mãe da menina até a DDM, no registro do boletim de ocorrência sobre o desaparecimento, mas a delegada da mulher, Dálice Ceron, passou a considerá-lo principal suspeito, depois de ele sumir no dia seguinte, quando foi confrontado pela ex-mulher com a acusação de ter abusado da adolescente. A revelação chegou até Carla por meio da mãe de um amigo da jovem.

Confirmado o desaparecimento do suspeito, a equipe de investigadores da DDM conseguiu informações sobre a locação do veículo utilizado no crime, já devolvido. Ele estava em fuga de moto em direção ao estado de Alagoas, onde pretendia viver escondido.

A fuga foi interrompida quando a mãe da vítima implorou para o suspeito vir ajudá-la nas buscas pela jovem. Quando viajava de volta para Rio Preto, ele foi detido por investigadores, próximo de Olímpia.

Além de confessar a autoria do crime, o suspeito deu a exata localização do corpo da adolescente. Encontrado em estado de decomposição, o cadáver foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto.

Ao chegar na DDM para prestar depoimento, Adriano culpou o consumo do álcool como motivação do crime. “Na hora cachaça. Eu estou muito arrependido. Ela era minha filha”, disse o autor confesso.

Como motivação do crime, Adriano deu duas versões: a primeira foi que teria matado a adolescente por raiva do fim do relacionamento com a mãe, e a segunda motivação era o desejo que mantinha pela ex-enteada.

O suspeito foi preso com base em mandado de prisão preventiva solicitado pela delegada Dálice Ceron.

Provisoriamente, ele ficará na carceragem da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Rio Preto até a Justiça determinar onde ele aguardará o julgamento.

Perda irreparável
A família da adolescente é moradora da Favela Marte e vive atualmente em imóvel alugado, enquanto aguarda a construção das novas casas, feitas pela CDHU.

Presidente do Instituto Valquírias World, Amanda de Oliveira, lamentou a morte da adolescente que fazia parte dos projetos sociais da entidade.

“Era uma menina muito estudiosa, esforçada e dedicada. Estamos dando todo apoio à mãe dela. Queremos no futuro, de alguma forma, conversar com as moradoras, para pensar em uma forma de prevenção contra este tipo de violência”, diz a presidente.

Minutos antes de ser informada sobre a morte da neta pela delegada Cristina Spir Santana, Damares Nascimento, avó da adolescente, disse na porta da DDM, que teria sonhado dias antes com a adolescente.

“Fiquei muitos dias em oração, pela minha neta. Depois vi no sonho, ela deitada em uma mata. Acho que foi um aviso. Deste dia em diante passei a preparar minha filha para o pior”, disse a idosa, minutos antes de receber a notícia do encontro da adolescente, dentro da DDM.

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