Família sonha em levar bebês siamesas para casa
“Temos esperança de levar elas para casa, vai acontecer um dia”. A frase é de um dos familiares das gêmeas siamesas que estão internadas na UTI do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto. As meninas nasceram na última terça-feira, 25, na Santa Casa de Fernandópolis, e foram transferidas de ambulância, logo em seguida, para Rio Preto.
A família já está ciente de que não é possível realizar a cirurgia para separação das irmãs, pois, apesar de cada uma possuir uma cabecinha, elas compartilham um coração, dois braços, duas pernas, dois pulmões e um fígado. Os parentes estão se sentindo incomodados com a divulgação de imagens das meninas, sem autorização, em redes sociais.
Unidas pelo tórax, as meninas respiram com ajuda de aparelhos, mas segundo o familiar, que preferiu não ser identificado, apresentaram melhora desde o nascimento e já foi possível diminuir a quantidade de oxigênio que recebem. Em respeito ao sigilo médico, o HCM não divulga nenhuma informação sobre as siamesas.
A reportagem apurou que a família ficou sabendo que elas seriam coligadas (nome técnico para a condição) durante exames do pré-natal, por volta do sexto mês de gestação. A mãe, que tem 21 anos, passou a ser acompanhada, pois a gravidez era complexa. A equipe médica informou que a mulher corria risco de morrer e chegou a pedir na Justiça, com o consentimento da família, a autorização para um aborto, mas o procedimento foi negado.
Na tarde de terça-feira, 25, a mãe deu entrada na Santa Casa de Fernandópolis, cidade onde mora, pois sentiu-se mal. Não haveria tempo de transferi-la para Rio Preto, então foi realizado o parto cesáreo de emergência. A gravidez estava na 36ª semana. A mulher teve alta na quarta-feira, 26.
De acordo com Jorge Haddad, presidente da divisão regional da Sociedade de Pediatria de São Paulo e coordenador da UTI infantil da Beneficência Portuguesa, gêmeos coligados são extremamente raros: um caso a cada 100 mil nascimentos.
Este é o quarto caso de gêmeos siameses que a Funfarme, que administra o HCM, trata. Em 2006, gêmeas nascidas em 2 de abril em Penápolis foram atendidas no Hospital de Base e morreram em três meses. Em 14 de março de 2008, irmãs nascidas no HB faleceram duas horas após o parto. Em 14 de março de 2014, o HCM fez o parto de gêmeas, que morreram no fim do mesmo mês. A condição é mais comum no sexo feminino. “Não se sabe direito o porquê, talvez por influência hormonal”, afirma Haddad.
O caso mais recente de gêmeos siameses a ganhar repercussão no Brasil é o das irmãs Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que foram completamente separadas em outubro de 2018, aos dois anos, após cinco cirurgias. Elas nasceram grudadas pela cabeça e vieram do Ceará para receber tratamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
De acordo com José Luis Crivellin, diretor dos representantes credenciados da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, não há nenhum fator de risco para a gestação de gêmeos siameses. A condição aparece quando o embrião de gêmeos se divide mais tardiamente.
O quadro pode ser apontado nas ultrassonografias e confirmado por ressonância. “O parto obrigatoriamente tem que ser cesárea, você não sabe como eles estão colados. Pode ser que tenha um corpo só, mas, dentro, todos os órgãos normais”, afirma Crivellin.
Milena Grigoleti – diarioweb.com.br
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