Enfermeira é a primeira voluntária a receber vacina contra Covid-19 em Rio Preto: ‘Contribuição não só como profissional’

Vanessa Maziero, de 30 anos, trabalha na emergência respiratória do Hospital de Base. Pesquisa será realizada pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), um dos 12 polos de pesquisa no Brasil.

A enfermeira Vanessa Maziero, de 30 anos, foi a primeira candidata a receber a dose da vacina contra o coronavírus, em São José do Rio Preto/SP. Ela trabalha na emergência respiratória do Hospital de Base e atua na linha de frente contra a Covid-19.

A pesquisa feita exclusivamente em profissionais de saúde, grupo com prioridade por estar mais exposto ao risco de contaminação, será realizada pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), um dos 12 polos de pesquisa no Brasil.

“Eu acho que estar aqui como voluntária para receber a vacina é minha contribuição não só como profissional da saúde, mas como ser humano. Se tudo der certo, como a gente espera que dê, todas as demais pessoas receberão a vacina, e é isso que a gente quer. É uma picada como outra qualquer. É totalmente suportável”, diz.

Vanessa realiza o atendimento diário de pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de coronavírus no Hospital de Base, unidade referência para mais de 100 municípios da região noroeste paulista.

“O dia a dia é muito sofrido para nós, por ver o paciente separado da família. Conviver com a separação, estado psicológico, o grau de complexidade. É triste ver isso acontecer, ver a população não vendo a real importância do que estamos vivendo e cada vez mais pessoas chegando e mais pacientes contaminados”, afirma a enfermeira, que complementa:

“Fazer alguma coisa para ajudar que isso termine é muito importante. Toda perda de um paciente é muito difícil. Como pessoa, eu estou com muita saudade da minha própria família, porque estou longe de todos eles. Eu diria que estar ausente, não ter contato com a minha família, é a maior dificuldade.”

Método

De acordo com chefe do Laboratório de Virologia da Famerp, Maurício Lacerda Nogueira, cerca de 400 profissionais da saúde serão acompanhados durante a terceira fase da vacina chinesa, Coronavac, em Rio Preto.

Mesmo com o início dos testes, os candidatos ainda podem se inscrever pela internet. O candidato preenche um formulário e passa por uma triagem antes de ser convocado para o estudo.

Durante o período de um ano, uma equipe formada por mais ou menos 15 profissionais acompanhará os participantes e coletará informações.

Entre os recrutados, metade receberá duas doses do imunizante em um intervalo de 14 dias e a outra receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito.

Os profissionais de saúde serão monitorados pelos centros de pesquisa por meio de exames entre aqueles que tiverem sintomas compatíveis à Covid-19.

Assim, poderá ser verificado posteriormente se quem tomou a vacina ficou de fato protegido em comparação a quem recebeu o placebo.

Toda vacina precisa passar por etapas importantes de estudo até ser aprovada para uso. Após a fase pré-clínica, com testes em animais, há 3 fases de testes em humanos, que precisam comprovar que a vacina é segura e produz anticorpos, sendo capaz de proteger contra o vírus.

O Instituto Butantan, de São Paulo, tem um acordo de cooperação com o laboratório chinês Sinovac, que produz a vacina, e também coordenará as pesquisas de imunização no Brasil.

Segundo anúncio feito pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), a expectativa é que a vacina esteja disponível no final deste ano, se não ocorrer nenhuma intercorrência.

CoronaVac

A vacina da Sinovac já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.

Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).

Sendo assim, a vacina implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é imunizado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes – ensaios em humanos – em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.

FONTE: Informações | g1.globo.com

Login

Bem vindo! Faça login na sua conta

Lembre de mimPerdeu sua senha?

Lost Password