Governo do Estado deve anunciar hoje a flexibilização do lockdown

Flexibilização ocorrerá se Estado de São Paulo mantiver tendência de estabilização em internações e óbitos por covid-19; índices ainda são superiores aos registrados nos últimos quatro meses de 2020.

O governador João Doria (PSDB) pretende anunciar na quarta-feira, 3, a suspensão da determinação que colocou todo em Estado na fase vermelha do Plano São Paulo nas noites e nos fins de semana. A medida pode passar a valer já no próximo fim de semana. Segundo ele, a decisão será oficializada se os índices de internação e mortes por covid-19 permanecerem estabilizados no Estado.

“Com duas semanas consecutivas de retração no número de internações e, caso esse cenário se mantenha em queda, na próxima quarta-feira, vamos anunciar medidas de suspensão das medidas impostas pelo Plano São Paulo relativas aos horários de funcionamento do comércio, dos shoppings, bares e restaurantes, inclusive aos fins de semana”, declarou Doria em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 1º.

As “medidas complementares” do plano de flexibilização da quarentena passaram a valer em 25 de janeiroe tinham previsão de se estender até 8 de fevereiro, com a probição da abertura de atividades consideradas não essenciais após as 20 horas nos dias úteis e em todos os horários nos sábados e domingos. A restrição inclui lojas, parques, espaços culturais e restaurantes, dentre outros. Entre os serviços essenciais, estão supermercados e farmácias.

No fim de semana, reportagem do Estadão mostrou que diversos comerciantes desrespeitaram a determinação em São Paulo. Representantes do comércio criticaram a retomada das restrições e tentaram derrubar as regras na Justiça. A medida também vinha desagradando o setor de bares e restaurantes.

Os índices positivos que Doria destacou são as hospitalizações e os óbitos por covid-19, que tiveram queda nas últimas duas semanas,mas seguem superiores aos registrados entre setembro e dezembro de 2020. No caso de internações, por exemplo, a média foi de 1.545 por dia na última semana, ante 1.685 na semana anterior, 1.747 na segunda semana de janeiro e 1.565 na primeira semana epidemiológica do mês. Esse índice é semelhante aos registros de agosto.

“Conseguimos regredir – pela segunda semana consecutiva – as taxas de ocupação, inicialmente em 4%, na terceira semana, e em 8%, na quarta semana”, destacou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.”Se não tivéssemos agido da maneira que foi feita, o sistema de saúde do Estado teria, infelizmente, colapsado.”

No caso dos óbitos, a média diária foi de 219 novos registros diários, semelhante à da semana anterior, que foi de 220. Na primeira e na segunda semana de janeiro, essa média foi de 227 e 220 mortes, respectivamente. Assim como nas internações, esses registros são superiores aos dos últimos quatro meses de 2020, assemelhando-se à média de agosto.

Diferentemente dos índices de internações e óbitos, houve aumento no registro de novos casos na última semana, com uma média diária de 11.238, a segunda maior já registrada em toda a pandemia e 5% superior à da semana anterior, com média de 10.677. “Isso faz com que tenhamos essa vigilância, essa austeridade, no registro e segmento desses dados”, destacou o secretário.  A taxa de ocupação de UTI é de 68,5%, média que é de 67,9% na Grande São Paulo. Há um total de 5.872 internados na UTI e 6.884 em leitos de enfermaria com suspeita ou confirmação da doença.

Questionado, Doria negou que a mudança nas restrições após uma semana confunda a população. “Ao contrário: dá a capacidade de compreensão e atenção ao movimento do coronavírus. O pior dos mundos é a burocracia, fixar prazos e seguir prazos diante de uma circunstância que pode piorar ou melhorar”, afirmou. “Não há porquê penalizar qualquer setor, seja comércio, restaurantes, bares, setor de cultura, se não há necessidade para isso.”

Na sexta-feira, 5, o governo também anunciará a reclassificação das regiões do Plano São Paulo. Hoje, todas estão nas fases laranja e vermelha, as de maiores restrições. Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, a reclassificação será “muito positiva” para algumas regiões, especialmente a Grande São Paulo, a Baixada Santista e a de Barretos. Ela diz que o cenário é de agravemento em uma “minoria” do Estado, como Bauru, cuja prefeitura estaria adotando uma postura “negacionista”, o que levou a uma ocupação de leitos de quase 89%. “A gente vê o custo da irresponsabilidade dos gestores públicos quando não seguem a ciência, quando não trabalham para proteger a vida da população”, criticou.

Em nota divulgada em seu site nesta segunda-feira, 1, a prefeitura de Bauru disse que segue o Plano São Paulo desde a noite da sexta-feira, 29. “Apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar, como supermercados, farmácias, postos de combustíveis, padarias e lojas de conveniência. Já os serviços considerados não essenciais no Plano SP não podem funcionar recebendo clientes, como lojas, shoppings, comércio de rua, bares, restaurantes, salões de beleza e barbearias, eventos, convenções, atividades culturais, ou qualquer atividade que possa gerar aglomerações”, apontou.

Além disso, o governo anunciou a criação de uma comissão de profissionais de saúde focada em orientar a volta às aulas, formada por pediatras, epidemiologistas e infectologistas. Dentre eles, estão Wanderson Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância do Ministério da Saúde, Marco Safadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Luciana Becker, infecto-pediatra do Hospital Albert Einstein, José Medina, diretor do Hospital do Rim, e Helena Sato, coordenadora do Programa Estadual de Imunização.

 

Até as 12h25 desta segunda, o Estado tinha 417.494 pessoas vacinadas com a primeira dose do imunizante contra a covid-19. Uma nova remessa de 5,4 mil litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) da farmacêutica Sinovac deve desembarcar na quarta-feira, 3, e outros 5,6 mil litros de insumos têm chegada prevista para 10 de fevereiro. Essas novas remessas permitem a produção de 17,3 milhões de novas doses da Coronavac pelo Instituto Butantan.

 

Estadão

 

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