Agricultura dá dicas para evitar compra de azeites fraudados

Consumidor pode adotar hábitos e cuidados simples no dia a dia no momento da escolha do produto.

Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo mantém o grupo Oliva SP que desenvolve pesquisas multidisciplinares na área de produção de azeite de oliva. Coordenado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), o grupo busca incentivar a produção paulista de azeites de alta qualidade e conscientizar os consumidores sobre as características de um bom produto.

Pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) e Unicamp mostram que o produto fraudado além de prejudicar o consumidor financeiramente, também traz prejuízos para a saúde. No início do mês, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu a comercialização de 33 marcas de azeite de oliva em razão de adulterações nos produtos. A fraude mais frequente era a mistura com óleo de soja e óleos de origem desconhecida.

De acordo com a pesquisadora do ITAL, Ana Maria Rauen Miguel, o Ministério estabeleceu em 2012 legislação que traz as características de classificação do azeite de oliva em extravirgem, virgem e lampante, este considerado inadequado para o consumo humano.

“O azeite extravirgem não pode ter a mistura de outro tipo de óleo, porém, uma fraude comum que ocorre no Brasil é a mistura de óleo de soja ao azeite, já que este é o mais barato dos óleos vegetais e tem sabor e odor neutros que não modificam o cheiro e o gosto do azeite. Na Europa é muito comum também a fraude com a mistura de óleo de amêndoas”, explica.

Riscos à saúde

Estudo desenvolvido pelo ITAL, em conjunto com a Unicamp, mostrou que os contaminantes ésteres de monocloropropanol e glicidol, cuja formação é induzida pelo calor, foram encontrados em azeites comercializados como extravirgens. Essas substâncias, porém, são formadas durante o refinamento de óleos vegetais sob alta temperatura e não deveriam ser verificadas em azeites sem a mistura desse tipo de óleo.

Além de identificar um novo método para verificação de fraude, o trabalho prova que o produto adulterado pode causar prejuízos para a saúde do consumidor. Essas substâncias são consideradas carcinógenas e algumas delas podem levar à supressão da função imunológica.

Segundo a pesquisadora da APTA, Edna Bertoncini, que coordena o Oliva SP, a principal dica para os consumidores é preferir os produtos brasileiros, que passam por um processo de logística mais rápido do que os produtos importados. “Diferentemente do vinho, um bom azeite de oliva precisa ser novo. Quanto mais novo, melhor. O Brasil e [o Estado de] São Paulo produzem ótimos produtos, muitos deles premiados em concursos internacionais”, conta.

Analisar o índice de acidez não ajuda muito na compra do azeite, isso porque o produto é analisado no momento do envase e na logística de transporte até chegar a mesa do consumidor os índices de acidez podem não ser aquele expresso na embalagem.

Bertoncini explica que a melhor forma para identificar a fraude e a qualidade dos azeites é por meio da realização de análises sensoriais. “O consumidor precisa aprender a degustar o produto. Com técnicas simples ele descobre com facilidade os produtos fraudados”, afirma.

Confira algumas dicas na hora de comprar:

– Compre azeites envasados em embalagens bem escuras. A luz é um dos fatores que prejudicam a qualidade dos azeites;

– Produtos envasados em embalagens de metal (lata) podem ser uma boa opção;

– Nas lojas ou supermercados, verifique se os produtos estão em locais frescos e sem a incidência direta de luz;

– Opte por produtos com data de envase mais recente e só consuma azeites dentro do prazo de validade. A pesquisadora da APTA ressalta, porém, que a data de envase do azeite nem sempre corresponde ao dia em que ele foi extraído. É sabido que algumas empresas demoram muito a fazer o envase após a colheita das azeitonas;

– Prefira comprar embalagens menores do produto, assim é possível consumi-lo de forma mais rápida e dentro do prazo de validade;

– Desconfie de produtos muito baratos. Um litro de azeite extravirgem produzido na Europa custa de 6 a 10 euros, ou seja, de R$ 30 a R$ 50 (sem considerar as taxas de importação e lucro do importador e revendedor). Produtos importados da Europa, e vendidos no Brasil com preço abaixo disso, podem não ter a qualidade esperada. Os azeites da América do Sul podem chegar a preços menores no mercado brasileiro, em função da redução de impostos para o Mercosul;

– Observe o rótulo. Evite comprar azeites produzidos e envasados em locais diferentes. Apenas a informação do local de envase não é suficiente para identificar a procedência do produto;

– Fique atento ao verso da embalagem. Alguns azeites são propagandeados como extravirgens na frente da embalagem e atrás, com letras pequenas, é explicado que o produto é refinado, ou seja, possui mistura de óleo.

Degustação caseira

As análises degustativas ou sensoriais, segundo a pesquisadora da APTA, são as mais eficientes na hora de identificar se um azeite é mesmo extravirgem. Fique tranquilo se, ao consumir o azeite, perceber que o óleo não está translucido. Essa é uma característica comum nos azeites e não é indicativo de fraude ou má qualidade. Fique atento, porém, se o produto está fora da data de validade. Se estiver, não o consuma.

Assim que comprar o produto, faça alguns testes para identificar seus defeitos:

– Coloque um pouco de azeite em um copo plástico. Ao cheirá-lo, verifique se sente odor de ranço (de óleo velho, manteiga estragada), aquecimento (cheiro de azeitona em conserva), acético (cheiro de vinagre) e mofo. Esses odores ou defeitos não podem ser encontrados em azeites extravirgem. Se sentir algum desses odores, mesmo que em intensidade baixa, o azeite não é mais classificado como extravirgem;

– Os azeites extravirgens possuem os odores de frutado verde como folha verde, grama recém-cortada ou de frutado maduro, como banana e maçã. Lembre-se, a azeitona é uma fruta, então quanto mais cheiro de fruta verde o azeite tiver, melhor será a qualidade;

– Após sentir o odor do azeite verificando se não há defeitos (ranço, aquecimento, acético, mofo) e se há qualidades (frutado verde ou maduro), deve-se colocar uma pequena quantidade do óleo na boca, rodá-lo pela boca e sentir se é amargo (percebido na lateral da língua) e picante (picadinhas sobre a língua e na garganta). Quanto mais amargo e picante for o azeite mais benefícios trará para a saúde, pois terá maior quantidade de polifenóis;

– Caso tenha comprado um azeite e ele apresentar defeitos e não ter as qualidades de frutado verde ou maduro ou o amargor e picância, não compre mais esta marca. Denuncie o produto e o seu lote para o supermercado, Procon e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assim você estará contribuindo para a seleção de bons azeites no mercado brasileiro;

Armazenamento

Não adianta comprar um bom produto e armazená-lo de forma incorreta. O melhor azeite do mundo ficará rançoso um dia e, se mal conservado, esse prazo será ainda mais breve. Para evitar que isso aconteça:

– Deixe o azeite sempre longe de locais quentes. Opte por guardá-lo em armários frescos e longe da luz. A temperatura correta de armazenagem é menor de 15ºC;

– Não guarde o produto destampado.

FONTE: Informações | Portal do Governo de SP

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