“Talvez pegue uma cana aqui no Brasil”, diz Bolsonaro sobre Greenwald 

Presidente falou sobre o editor do The Intercept durante evento no Rio de Janeiro.  

Neste sábado (27), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o jornalista Glenn Greenwald “talvez pegue uma cana no Brasil”. Ele fez o comentário a jornalistas durante evento na Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro.  

Bolsonaro fez a afirmação após ser questionado sobra a portaria publicada recentemente por Sérgio Moro permitindo a deportação sumária de estrangeiros. O presidente afirmou que o ministro tem “carta branca” e, por ele, teria sido editado um decreto. 

“Ele tem ‘carta branca’. Eu teria feito um decreto. Tem que mandar pra fora. Quem não presta, tem que mandar embora. Tem nada a ver com o caso desse Glenn não sei o quê (editor do The Intercept), aí. Tem nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa na portaria o crime que ele tá cometendo.” 

Ao negar que a portaria tenha tido qualquer relação com Glenn Greenwald, que é norte-americano, Bolsonaro citou que o editor do site The Intercept é “casado com outro homem” e tem filhos brasileiros. 

“Até porque ele é casado com outro homem, e tem meninos adotados no Brasil. Tá certo? Malandro, malandro, pra evitar um problema desse, casa com outro malandro, ou não casa, e adota criança no Brasil. É um problema que nós temos…Ele não vai embora. O Glenn pode ficar tranquilo. Talvez ele pegue uma cana, aqui, no Brasil. Não vai pegar lá fora, não.” 

Glenn Greenwald critica Bolsonaro 

Glenn Greenwald criticou numa rede social o presidente Bolsonaro por insinuar que ele se casou com o hoje deputado do PSOL David Miranda e adotou dois filhos brasileiros com o objetivo de evitar a lei de deportação. 

O jornalista chamou atenção para o fato de ter ser casado há 14 anos, quando era advogado, antes, portanto, de se tornar jornalista. E disse que o presidente acha que ele tem o poder de prever o futuro, referindo-se aos vazamentos do conteúdo hackeado que o The Intercept, do qual é editor, passou a publicar em 9 de junho com diálogos atribuídos ao então juiz Sérgio Moro e a procuradores da Lava-Jato. 

Greenwald afirmou: “Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador”. E disse que ele não tem o poder de prender pessoas, porque ainda existem tribunais em funcionamento. E que, para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal. “Essa evidência não existe.”, disse o jornalista. 

Associações condenam declaração do presidente 

Abraji (Associação Brasileira da Jornalismo Investigativo) também criticou a fala do presidente e afirmou que ele “instiga graves agressões à liberdade de expressão”. 

“Ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão. Chega de perseguição. #defendaojornalismo“, afirmou a associação. 

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) afirmou, em nota, que a fala do presidente é uma tentativa de intimidação. “A ameaça de Bolsonaro a Greenwald nada mais é do que uma tentativa de intimidar um jornalista independente e uma ameaça à liberdade de imprensa. O Greenwald já declarou que Bolsonaro não é um ditador. A ABI endossa essa sua declaração porque ela sempre esteve na trincheira em defesa da liberdade de expressão”, afirmou a ABI. 

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