Saúde mental pós-COVID: psiquiatra do SanSaúde aponta principais queixas

Dr. Fernando de Biazi Andreotti falou sobre o desenvolvimento de doenças neuropsiquiátricas

A pandemia de COVID-19 impôs desafios sem precedentes ao mundo. O baque foi sentido além do impacto na economia e nos serviços. Especialistas apontam que a perda de milhares de pessoas e os níveis de ansiedade elevados devido ao isolamento social deixaram marcas na saúde mental da população – e no Brasil não foi diferente.

 Aproximadamente 80% dos pacientes pós-COVID desenvolveram ou apresentaram aumento de doenças neuropsiquiátricas. Um artigo, publicado pela revista The Lancet em 2021, analisou um grupo de pessoas seis meses após infecção. Foi verificada uma grande elevação nos transtornos de humor e psicóticos, com alta mortalidade no grupo psicótico. Em 2022, a mesma revista demonstrou que, semanas após o contágio, a chance de desenvolver algum quadro psiquiátrico era maior no início, mas posteriormente retornava ao mesmo percentual antes do COVID-19. E nas crianças não foi observado aumento nos transtornos psiquiátricos.

Na prática atual de ambulatório psiquiátrico, nota-se também um grande aumento nos transtornos ansiosos, igualmente de Transtornos de humor e psicóticos.

 O médico psiquiatra do SanSaúde, Dr. Fernando de Biazi Andreotti, elencou as principais queixas:

– Ansiedade

– Medo, incluindo de sair de casa

– Ataques de pânico frequentes

– Anedonia (um dos principais sintomas depressivos), que é perda de interesse e prazer em algo que gostava de fazer;

– Nervosismo

– Abuso de álcool

– Aumento ou compulsão por comida

– Insônia

– Outros sintomas depressivos.

 Dr. Fernando explicou que as pessoas mudaram seus hábitos de vida, desde sedentarismo, pelo medo de contaminação durante a pandemia, até mesmo no abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, contribuindo para um agravo e novos quadros de transtornos psiquiátricos. “O aumento da ansiedade por exemplo, comum na pandemia, pode gerar vários transtornos que se relacionam com o mesmo”, complementou.

Consequências

Ele disse ainda que uma queixa comum nas pessoas com COVID-19 era dispneia (dificuldade de respirar). “Notamos frequentemente que, por causa do medo de não conseguir respirar diante de um contágio da doença confirmado, vários pacientes tiveram ataques de pânico nos leitos das instituições. E, consequentemente, desenvolvendo o transtorno de pânico depois de um tempo da alta hospitalar”, afirmou o psiquiatra do SanSaúde.

Também houve aumento da mortalidade, principalmente em pacientes com esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar. Outro quadro agravado foi a hipervigilância interna de uma pessoa hipocondríaca. Devido à grande quantidade de informações pelos cuidados para não infectar e acompanhar seus sintomas, geraram um excesso nas aferições de temperatura e compra de oxímetro. O paciente achava estar doente o tempo todo, gerando grande prejuízo e procura de pronto socorro por crises ansiosas, enfatizou.

Pessoas diagnosticadas com TOC também apresentaram piora expressiva. “O ato compulsivo de lavar as mãos e cuidados de limpeza do ambiente pioraram. Elevaram, inclusive, as tentativas de suicídio”, complementou.

Em contrapartida, o estresse diminuiu na pandemia. “O isolamento obrigatório, ou mesmo quando era recomendado, ajudou pessoas com dificuldade em interação social (autistas, transtorno de deficiência intelectual, fóbicos e algo de pessoas com transtorno de personalidade do Cluster A como esquizóide, e esquizotípico). Elas não estavam sendo mais colocadas à prova, ficando melhores e muitas vezes até mesmo diminuindo a medicação”, disse.

Boas notícias

O paciente procurando ajuda o mais cedo possível e seguindo um tratamento medicamentoso corretamente e psicológico, são pilares fundamentais para melhora na grande maioria das pessoas afetadas.

Procure ajuda

O psiquiatra do SanSaúde ressaltou que, em caso de sofrimento emocional, a pessoa deve procurar um especialista. “Depois de vários meses de limitações causadas pela pandemia, foram necessárias diversas alterações para retomar as atividades e isso tem ocasionado um elevado grau de sofrimento mental, o qual tem impactado severamente os brasileiros. Esse quadro tem agravado ainda mais os índices já elevados de ansiedade, estresse e depressão, resultando em doenças e exaustão tanto física quanto mental. Por isso, busque ajuda. Você não está sozinho”, finalizou.

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