ter, 06 de maio de 2025

Perícia aponta que Marcondes não chamou segurança de ‘macaco’, mas de ‘paca’

Análise e transcrição fonética feitas pelo Instituto de Criminalística afirmam que a “sequência não apresenta traços articulatórios compatíveis com o termo ‘macaco'”.

Perícia realizada pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil aponta que o vice-prefeito de Rio Preto, Fábio Marcondes (PL), não chamou o segurança do Palmeiras de “macaco velho”, mas sim de “paca, véa”. A conclusão foi feita após análise e transcrição técnica (fonética) do trecho indicado.

Vídeo
Em vídeo registrado pela TV Tem, afiliada à Rede Globo, Marcondes aparece chamando o segurança de “lixo” por repetidas vezes e, posteriormente, conforme registrado pelo funcionário do Palmeiras, o teria chamado de “macaco velho”. No vídeo, testemunhas reagem após a fala do vice-prefeito com gritos de “racismo não”.

Na ocasião, o vice-prefeito afirmou que defendia o filho em uma confusão com segurança.

Marcondes, que ocupava o cargo de seecretário de Obras deixou a pasta após o caso.

Perícia
A perícia do vídeo registrado pela emissora foi determinada pela Delegacia Seccional. O laudo, de 42 páginas, analisa a gravação que foi ao ar e também veiculada em vídeos nas redes sociais.

Segundo o documento, anexado nesta terça-feira, 6, ao inquérito que é acompanhado pela Justiça de Mirassol, as análises foram realizadas em computador do Instituto de Criminalística, com um fone auricular de resposta planada, marca Pioneer.

O documento cita que, embora no instante em que as palavras são proferidas Marcondes esteja de costas para a câmera, “impossibilitando a visualização direta de sua articulação facial, a continuidade da atuação verbal, a sequência lógica dos eventos audiovisuais e a análise espectrográfica das falas demonstram compatibilidade acústica com os trechos anteriores, nos quais as falas foram claramente atribuídas ao mesmo indivíduo (de camiseta branca e óculos)”.

Após análise e transcrição fonética do trecho indicado, a perícia não confirma a interpretação de que ele teria chamado o segurança de “macaco velho”. Segundo o relatório, o conteúdo fonético proferido por Marcondes aos 3 minutos e 27 segundos do vídeo fornecido foi compreendido como “{Paca, véa!} Lixo! {Véa!}”.

‘Paca’
Conforme laudo da perícia, “com base nos parâmetros técnicos da fonética forense e da acústica da fala, não se confirmou a interpretação sugerida de que tenha sido proferida a expressão ‘Macaco velho, lixo velho!’.”

“A transcrição fonética obtida pela perícia foi: [ˈpakɐ ˈvɛɐ] ˈliʃu [ˈvɛɐ] Essa sequência não apresenta traços articulatórios compatíveis com o termo ‘macaco’. Portanto, eventuais interpretações ou transcrições inseridas nas legendas dos vídeos analisados não encontram respaldo técnico neste exame, seja pela escuta qualificada, seja pela análise espectrográfica”, diz o documento.

O laudo ainda acrescenta: “Cabe ressaltar que, no âmbito da fonética forense, as inferências devem basear-se em evidências acústicas e articulatórias verificáveis, evitando interpretações subjetivas ou enviesadas por contexto social, emocional ou editorial.”

Defesa
O advogado de Marcondes, Edlênio Xavier Barreto, afirmou que o laudo corrobora a tese de inocência do vice-prefeito. Leia na íntegra:

“O Laudo Pericial, elaborado pelo Instituto de Criminalística, reforça a correção da estratégia adotada pela defesa, ao não convalidar prova tecnicamente imprestável, e corrobora a tese de inocência de Fábio Ferreira Dias Marcondes. No mais, a fim de manter coerência na atuação, atentando-se à prudência e responsabilidade, a defesa informa que irá manifestar-se de maneira formal e detalhada nos autos do processo, em momento oportuno.”

Diário da Região

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