“Há 30 anos acompanhando o mercado, (a variação de preços durante o dia) é algo inédito. Neste momento, existe uma especulação muito grande”, completa.
Vai faltar carne? Quando o preço cai?
Para o consultor, os preços seguirão em alta neste fim de ano, mas devem baixar nos primeiros meses de 2020, com a maior oferta de animais para o abate.
“Em janeiro, o consumo de carne costuma cair. Chegam os primeiros impostos, ressaca das festas… Entre janeiro e fevereiro, começa a aumentar a oferta do boi. Até o fim do trimestre, o cenário deve mudar”, diz Torres.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também acredita que os preços tendem a cair após o que chamou de “momento de euforia” dos criadores. “O produtor rural aguentou muitos anos, isso é um momento de equilíbrio dessa cadeia produtiva”, afirmou. “A cadeia vive um momento de euforia, mas já já esse mercado vai equilibrar”, afirmou Tereza.
“Os preços não serão mais os praticados 2 meses atrás, mas, com certeza, eu acho que essa euforia não continua, é um momento de ajuste da carne brasileira”, continuou.
Segundo a ministra, o governo cogitou importar carne bovina de outros países, não pelo risco de faltar, para equilibrar os preços no mercado interno.
Os frigoríficos afirmam que não existe risco de desabastecimento de nenhuma das principais proteínas animais consumidas no país (boi, frango e porco).
“Nós temos condição de atender o mercado, embora a preços mais elevados”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar.
Outro ponto que mostra uma perspectiva melhor para os preços é que a oferta de animais está aumentando no segundo semestre. A previsão do mercado é que o número de animais confinados para engorda aumentou cerca de 8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Enquanto o preço não cai, frigoríficos e comércio estão cautelosos nas compras de carne. Isso porque nenhum dos dois lados querem ter prejuízo caso o valor da proteína caia nos próximos meses.
O valor médio do quilo do filé mignon subiu 15,3% (R$ 45,80 para R$ 52,80) desde o começo do ano em São Paulo, segundo dados da Scot Consultoria. Já o contrafilé saiu de R$ 34,27 o quilo para R$ 38,02 (+10,9%).
No caso da estrela do churrasco, a picanha, o preço médio do quilo subiu 16,1% (de R$ 47,28 para R$ 54,92), e o coxão mole foi de R$ 25,69 para R$ 31,07 o quilo (+20,9%).
Pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo, da Fundação Getúlio Vargas, a carne bovina apareceu entre os destaques em novembro, com alta de 5,26%, dez vezes mais do que em outubro.
Em novembro, o Índice de Preços ao Consumidor constatou alta de 6% no contrafilé, enquanto, em outubro, ele havia subido 2,69%.
Frango e porco também encarecem
Consideradas “rotas de fuga” para a alta nos preços da carne bovina, as carnes de frango e de porco também estão mais caras na comparação com o começo do ano. O que explica isso é que ocorreu um efeito dominó sobre todo o mercado.
Quando a carne de boi sobe, como foi o caso, a população opta por proteínas que são historicamente mais baratas: frango, porco e ovo.
E aí entra a lei do mercado: aumenta-se a procura, aumenta-se o preço.
O Brasil é o segundo maior exportador do setor, atrás apenas dos EUA. E deve seguir assim. Isso porque, em novembro, os chineses, em sinalização para um acordo comercial com os americanos, voltaram a autorizar a importação de frango dos EUA, após 5 anos de embargo.
Também de acordo com a Scot Consultoria, agora levando em conta os estados do Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, o preço quilo do peito de frango subiu de R$ 14,21 no começo de janeiro para R$ 17,82 em novembro, alta de 25,4%.
O valor da sobrecoxa cresceu 32,4%, de R$ 8,84 para R$ 11,70. Por outro lado, o quilo do coração ficou 5,8% mais barato, de R$ 26,03 para R$ 24,52.
No caso da carne suína, o Brasil não é um grande produtor mundial, mas exportações cresceram 11,6%. Seguindo a tendência da carne bovina e do frango, a alta dos preços nos açougues começou a ser observada a partir de outubro.
Cada vez mais procurado, o ovo também registrou alta nos preços durante o ano. De janeiro a novembro, o valor médio de uma bandeja com 12 unidades subiu 31,8% entre janeiro e novembro, saindo de R$ 5 no dia 2 de janeiro para R$ 6,60 no dia 20 de novembro.
O valor médio da caixa com 30 dúzias no atacado passou dos R$ 80 em outubro. Mas a tendência é que o patamar seja menor neste mês.
A previsão é de que o brasileiro bata seu recorde de consumo de ovos neste ano, alcançando 230 unidades per capita, um aumento de 9% em relação à 2018, segundo a ABPA. Em 2009, o brasileiro consumia 120 ovos por ano.
FONTE: Informações | G1
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