Morre mulher que arrecadou quase R$ 800 mil para tratar câncer

Faleceu na última quinta-feira (7) a psicóloga Luciana Medeiros, de 38 anos, em razão de um câncer de colo de útero. Há cerca de três meses, médicos indicaram um tratamento nos Estados Unidos e ela lançou uma vaquinha virtual para pagar o tratamento, que custaria quase R$ 1,5 milhão. Em uma semana, foram arrecadados R$ 580 mil. No total, quase 7 mil apoiadores doaram mais de R$ 788 mil.

A família publicou uma mensagem de agradecimento nas redes sociais: “Luciana (nossa Lu) descansa nos braços do Pai… Foram momentos de muita luta, força, fé e amor… Agradecemos as orações e toda energia que Lu e toda a família receberam ao longo dessa jornada”.

No último dia 3, ela havia postado uma foto celebrando 2021. “Um ano de muita esperança! Que venha a minha cura, minha vida de volta”, escreveu.

Assim que descobriu a doença, no final de 2018, a mãe de três crianças “deu início a um tratamento muito sofrido, que inicialmente consistiu em radioterapia, duas quimioterapias e duas cirurgias”, de acordo com a página do financiamento online.

No entanto, em dezembro de 2019, após todas as terapias e dois meses depois de finalizar a última quimio prevista, os médicos detectaram a metástase, quando o câncer se espalha para outras partes do corpo.

Medeiros partiu para o tratamento com imunoterapia e realizou mais uma cirurgia, além de novas sessões de quimioterapia. Mas as intervenções não surtiram o efeito desejado.

Então, a equipe médica indicou uma terapia oferecida nos EUA chamada TIL (Tumor Infiltrating Lymphocytes), em que os linfócitos – células de defesa – do paciente são extraídos, cultivados em laboratório e injetados de volta ao organismo. Foi quando a psicóloga decidiu fazer a vaquinha.

Personalidades brasileiras divulgaram a causa da internet. “Nós vamos ajudar. Eu espero que você faça o mesmo”, disse o craque Roberto Carlos, ex-jogador de futebol com passagens por Real Madrid e Seleção Brasileira. O lutador Junior Cigano, do UFC, também pediu doações.

Em um primeiro momento, Luciana estimou que o tratamento custaria R$ 600 mil reais, mas um e-mail recebido do Centro de Tratamento de Câncer MD Anderson, da Universidade do Texas, a fez pensar em desistir. “Meu chão desapareceu. Chorei muito e realmente me desesperei”, contou ela. Isso porque a quantia informada pelo hospital norte-americano superou muito as expectativas da família.

“Os pacientes geralmente pagam entre 200 mil e 275 mil dólares por todos os laboratórios, procedimentos, tomografias computadorizadas, consultas médicas e internação para o estudo”, dizia o comunicado. Com a cotação atual da moeda estrangeira, o valor poderia chegar a quase R$ 1,5 milhão.

“Não sei como faremos, mas o que sei é que não posso desistir. Por eles, por meus filhinhos. Eu fiz uma promessa e vou cumprir, vou lutar enquanto eu puder”, declarou a psicóloga em um post.

No final de 2020, ela embarcou para a cidade de Houston, onde faria o tratamento. Até chegou a passar por consultas e exames, mas logo precisou retornar ao Brasil.

“A tomografia mostrou uma obstrução intestinal que já estava trazendo muitos sintomas, como dor e uma severa distensão abdominal”, disse Medeiros. “Fazer essa cirurgia nos Estados Unidos acabaria resultando em gastar o dinheiro do tratamento. Optamos, então, por retornar ao Brasil, fazer a cirurgia, coberta pelo plano de saúde, e retornar aos EUA”, completou.

Ela passou 16 dias internada após o procedimento. Sem poder voltar ao Texas, iniciou outro tratamento com uma medicação de alto custo no último dia 30 de dezembro, mas morreu oito dias depois.

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