Ministério Público entra com ação contra delegado que liberou devolução de carro de luxo apreendido para traficante
Delegado diz que que não descumpriu ordem judicial e que veículo não tinha relação com crimes praticados.
Um delegado da Polícia Civil de São Paulo contrariou uma ordem judicial e liberou a devolução de um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil apreendido na casa de um traficante. O MP (Ministério Público) entrou com uma ação por improbidade administrativa contra o policial e o advogado que recebeu o carro.
Foi numa loja especializada em carros de luxo em Araras/SP, que a Mercedes-Benz avaliada em R$ 500 mil, foi comprada. O dono da loja não quis gravar entrevista, mas confirmou a venda realizada em dezembro de 2017.
Segundo as investigações, o carro pertence a Frederico Gustavo Troiano Buher, apontado como chefe de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas. Segundo o Ministério Público ele comandava um esquema para aliciar mulheres que recebiam dinheiro para levar a drogas para fora do Brasil.
Foi depois da prisão de uma das mulheres que os investigadores chegaram até o traficante. A mulher foi presa a caminho do aeroporto de Guarulhos com uma mala que no fundo falso tinha 3 kg de cocaína.
Os policiais analisaram as câmeras de segurança do prédio nos Jardins, na região central de São Paulo, onde Frederico Troiano morava. As imagens comprovam que a jovem saiu do prédio de Frederico com a mesma mala que estava no dia em que foi presa. Três meses depois, Frederico Troiano foi preso em Balneário Camboriú/SC. Foi quando a Justiça determinou a busca e apreensão em vários imóveis dele.
O carro de luxo foi apreendido no mesmo dia e trazido pra São Paulo. Mas, cinco dias depois, o delegado responsável pelo caso contrariou a decisão judicial e autorizou a devolução do carro, dos documentos e dos cartões bancários que tinham sido apreendidos no dia da prisão de Frederico Troiano.
O delegado Amadeu Ricardo dos Santos, em uma declaração de próprio punho, aceitou a devolução dos bens, alegando que eles não tinham relação com os delitos investigados. Na época dos fatos, Amadeu Ricardo dos Santos era o delegado do 1º DP (Sé). A reportagem procurou por ele, no 46º DP em Perus, Zona Norte da capital, mas o delegado não quis gravar entrevista.
Em nota, o delegado esclareceu que não descumpriu ordem judicial, pois se existisse alguma restrição sobre o veículo ele jamais teria entregue o bem. Disse ainda que sobre os fatos existe procedimentos, tanto administrativo quanto criminal, em trâmite na Corregedoria Geral de Polícia Civil do estado de São Paulo.
Quem recebeu o veículo de volta foi o advogado Vinicius Bairão Abrão Miguel. A reportagem também procurou por ele em seu escritório nos Jardins, mas ele não estava. Por telefone, não quis comentar o caso. Em setembro do ano passado a Justiça determinou novamente a apreensão e o bloqueio no Detran do carro alegando que não há nos autos elementos que comprovem a origem lícita dos recursos utilizados por Frederico na compra do veículo.
Ação de improbidade
O Ministério Público abriu uma ação civil pública por improbidade administrativa contra o delegado que liberou os bens e o advogado que protocolou o pedido. De acordo com o promotor Marcelo Milani, “no mais completo desrespeito à lei e a ordem o delegado simplesmente liberou num despacho de próprio punho, um bem legalmente apreendido, jamais ele poderia ter feito isso e mostrou o total desrespeito ao judiciário”.
A Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria apura as circunstâncias relacionadas aos fatos em procedimento administrativo e inquérito policial. A Polícia Civil esclarece que não compactua com desvios de conduta de seus agentes.
FONTE: G1
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