Disparada do dólar causa impacto no preço dos produtos mais comprados no dia a dia em supermercados 

Com valores elevados desde a greve dos caminhoneiros, moeda americana passa R$ 4,00 novamente e impacta preços nas gôndolas. 

Com o sobe e desce constante da moeda americana, não são só viagens para o exterior e produtos importados que ficam mais caros. Itens básicos, geralmente que mais têm saída no dia a dia dos supermercados, também sofrem muito com o dólar acima, ou bem próximo, dos R$4,00. Um levantamento feito pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) apontou quais foram os principais artigos que subiram nas gôndolas e impactaram o bolso do consumidor. 

“Nos últimos 12 meses o consumidor percebeu aumentos em produtos que adquire com frequência, como carnes, pão, macarrão, sabão de roupa líquido, entre outros que possuem matéria prima cotada na moeda americana. Ou também aquele item que o produtor vê mais vantagem em exportar do que em abastecer o mercado interno, já que o lucro em dólar é maior” explicou o economista da APAS, Thiago Berka. 

Dentre os produtos com maiores aumentos nos últimos 12 meses, estão: 

Frango (31,65%): a alta começou por conta da morte de cerca de 70 milhões de aves durante o período da greve dos caminhoneiros em maio de 2018, uma vez que os insumos para alimentá-las não chegava nas granjas. Aliado a isto, o câmbio ficou mais atrativo para exportação, que foi alavancada pela reabertura do mercado externo. “Com menos mercadoria à disposição e foco para escoar a produção para fora do Brasil, observamos a disparada no preço do frango nos últimos 12 meses”, avaliou Berka. 

Pão Francês (10,04%) e Macarrão (12,51%): o Brasil não é autossuficiente na produção da matéria-prima desses produtos, o trigo, e mais da metade do que se consome do produto vem do exterior. Além disso, o trigo é uma commodity, ou seja, é cotado em dólar. Por conta disso, fica mais caro importar, o que resulta em um preço maior na produção e, consequentemente, para o consumidor nos supermercados. 

Carne Suína (8,51%): a carne suína era uma opção de proteína mais em conta, pois sofreu menos o impacto da alta do dólar. Porém, em 2019 o cenário mudou. Cerca de 35% do rebanho suíno chinês (que é metade do rebanho do mundo) morreu por conta da febre suína africana. Com a moeda americana em alta, os preços ficam mais competitivos para exportar. Somente este ano a alta da carne suína no Brasil foi de 6,43%. 

“O Brasil é o quarto maior produtor de proteína animal do mundo, o que tradicionalmente torna o país um grande exportador. Com o dólar em alta, essa tendência se intensificou. Isso faz com que os preços internos aumentem e a previsão é de que haja mais aumentos nos próximos meses, caso esta conjunção de fatores – dólar acima de R$ 4,00 e a crise na produção chinesa – permaneça inalterada”, concluiu Berka. 

Carne Bovina (7,68%): com preços comportados ao longo de 2018, inclusive vários meses apresentando deflação, os produtores viram com a alta do dólar uma excelente oportunidade para exportação, melhorando, assim, suas margens e lucros. Além da elevação da moeda americana, outro fator que alavancou a exportação de carne bovina foi a diminuição da rejeição da carne do país após as polêmicas das operações carne fraca. O aumento atingiu todos os cortes, como por exemplo o Acém, opção popular, que subiu 19%. 

Sabão de roupa líquido (11,73%) / Desinfetante (10,47%) / Inseticida (11,54%) / Alvejante (9,44%): Quanto mais pesado em componentes químicos é um produto de limpeza, maior a provável dependência do dólar, uma vez que o Brasil não é autossuficiente nas matérias-primas para a produção. Por conta disso, a indústria não consegue absorver todos os custos para produzir e esta alta é repassada para o consumidor. 

Nota Metodológica 

O levantamento foi feito com base no Índice de Preços dos Supermercados (IPS) que tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista. 

Sobre a APAS – A Associação Paulista de Supermercados representa o setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento. A entidade tem aproximadamente 1.500 associados, que somam cerca de 4.000 lojas. 

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