De Votuporanga para os grandes gramados de futebol: A trajetória de Maria Eduarda Pires, árbitra da elite do futebol paulista
A jovem votuporanguense está habilitada a apitar competições da FPF (Federação Paulista de Futebol).
As tradições machistas, que sempre limitaram a participação das mulheres nos diferentes esportes, não conseguiram impedir suas ações, uma vez que as normas e preconceitos foram sendo derrubados por inúmeras delas ao longo destes anos.
A evolução é silenciosa, no qual o esporte moderno, aos poucos, vem abrindo espaço não apenas para os homens, mas também para as mulheres em todos os níveis, sejam como atletas e como integrantes das equipes de arbitragem no futebol brasileiro.
As atletas brasileiras conquistaram, no decorrer destas últimas décadas, títulos importantes para o esporte brasileiro em diversas categorias a nível mundial.
Já há alguns anos as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço, tornando evidente a afirmação de que o papel reservado para a mulher no cenário futebolístico está presente de maneira inevitável como dimensão lúdico-esportiva e como oportunidade de mercado.
As conquistas do futebol feminino brasileiro nas três últimas Olimpíadas são reflexos de uma evolução em relação à participação da mulher no meio futebolístico nacional! Engana-se quem acha que a participação atual da mulher no futebol brasileiro é apenas como atleta, pois não podemos deixar de mencionarmos as nossas árbitras, que ao longo destes anos, demonstraram que são capazes de atuar dentro de um campo, sendo tão qualificadas quanto qualquer outra pessoa que atue na arbitragem do futebol profissional.
Embora as mulheres tenham ganhado mais espaço ao longo do tempo, elas têm presença tímida na arbitragem. Dos 215 árbitros presentes no quadro da CBF, apenas 15 são do sexo feminino, o que corresponde a 7%. E, apesar de o espaço para a mulher dentro do futebol ser menor e diferente do ocupado pelo homem, a exigência física é igual. As árbitras têm de conquistar o mesmo índice deles nos testes físicos para apitar em campeonatos masculinos, é exatamente aqui que começa a trajetória de sucesso de Maria Eduarda Pires.
Nascida e criada em Votuporanga é hoje revelação na arbitragem da elite do futebol e motivo de muito orgulho para a família. Em entrevista ao Jornal Diário de Votuporanga ela contou sobre sua história, acompanhem:
DV: O que é preciso para ser um (a) árbitro(a) de futebol?
“Sai da casa da minha mãe com 17 anos já com meu pai falecido, fui fazer o curso da Federação Paulista de Futebol de que durou exatamente 10 meses, depois foram mais 11 meses de estágio nos campeonatos de base: Paulista Sub 11 e 13 nos anos de 2017/18”.
DV: Como e quando você decidiu seguir a carreira como árbitro (a)?
“Sempre amei o futebol desde criança jogando e assistindo os jogos que meu tio me levava para ver o CAV jogar. Com isso surgiu uma paixão em estar dentro de campo de, participar do jogo, querendo ser a pessoa que administrasse uma partida, comecei a buscar conhecimento na arbitragem com 13 anos”.
DV: Em 1971, a mineira de Abaeté Lea Campos tornou-se a primeira mulher árbitra de futebol do mundo. A estreia foi no México, no primeiro amistoso mundial de futebol feminino, do qual participaram seis equipes: México, Argentina, Inglaterra, Itália, Dinamarca e França. Como é ser uma juíza de futebol? Existem preconceitos?
“Ser árbitra de futebol é uma sensação inexplicável, poucos têm esse privilégio! Tudo que você fizer vai ser contestado mesmo sendo um acerto, porém isso ocorre em todas as profissões, sempre tem algo a melhorar. Preconceitos sempre acontece no meio da sociedade, cabe a você parar e se lamentar ou usar de motivação, porque hoje todos têm um direito de estar aonde quiser”!
DV: Foram quantos anos até você chegar à elite do futebol?
“Me tornei árbitra no ano de 2017/18 depois de quatro anos tive uma oportunidade de fazer um teste físico habilitando para as compensações profissionais e também tendo a indicação de entrar no quadro nacional de arbitragem (CBF) tais como exemplo; Segunda Divisão, Paulista Sub 23, Copa Paulista, séries A1/2/3. Agora é manter fortes os treinos, estudos e se aprimorar para esses campeonatos. Não estreei ainda, pois estava na pré-temporada e vindo de uma COVID”.
DV: Como é a sua rotina de estudos e de preparo físico para exercer a sua profissão?
“Constante todos os dias sem falhar, um treino para árbitro é muita corrida sempre! Tiros longos e curtos acompanhado de um fortalecimento na musculação, geralmente um dia antes de jogo não tem treino essa seria nossa folga”.
DV: Qual foi o jogo mais importante da sua carreira e qual foi o mais difícil e por que, explique?
“O jogo mais importante na minha carreira até hoje foi sem dúvidas na final Campeonato Paulista Sub 17, entre Corinthians x São Paulo. Além de ter sido na Neo química Arena onde já foi palco de jogos de Copa do Mundo, me passou um filme de tudo que passei para chegar nesse mérito que é uma final. O mais difícil foi um campeonato Paulista Sub 20 entre, XV de Piracicaba x Rio Branco. Valia a classificação para as oitavas de finais do campeonato, dois times da mesma região jogo muito disputado e bem pegado, gerou muita atenção em todos os lances, deixei seguir um lance ajudado que gerou gol da equipe visitante. Depois tive a confirmação que acertei, jogo tenso, porém dever cumprido”.
DV: Hoje em quais campeonatos você pode atuar?
“Estou habilitada para fazer a Copa Paulista, Segunda Divisão do Campeonato Paulista, Séries A1, A2 e A3, Campeonato Paulista Sub 20. Fui convidada para entrar no quadro nacional árbitra CBF (aguardando), mas no momento ainda não recebi o pedido oficial entomologia, por enquanto apenas Federação Paulista de Futebol (FPF)”.
DV: Que conselhos você deixa para quem quer seguir o mesmo sonho que você?
“Primeiramente confiar sempre em você, não ter medo, pois todos são capazes!!!
Podemos e devemos chegar onde nosso cérebro almeja, nosso corpo trabalha para isso alcançar objetivos, o ser humano é isso, uma máquina de desafios a si mesmo, nós somos nossos adversários. Sempre haverá um lugar que te dará oportunidades!!!
Mostro sempre o caminho que deve ser seguido” finaliza com entusiasmo!
Para vencer e realizar-se profissionalmente, basta apenas cumprir um item: Dia a dia… superar a sua própria capacidade!
Por Andrea Anciaes – Diário de Votuporanga