Ataque aéreo atinge carros com civis na Síria e deixa 10 mortos

Organização que monitora o conflito informou que 26 civis morreram neste domingo (13) no norte da Síria, onde a Turquia iniciou uma série de ataques contra forças curdas.

A organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou que 10 pessoas morreram após um bombardeio atingir um comboio de carros em que estavam civis e jornalistas no norte da Síria.

Segundo a OSDH, só neste domingo (13) 26 civis foram mortos na região, onde a Turquia iniciou uma série de ataques aéreos contra forças curdas.

O que acontece na região:

  • no dia 7, o presidente dos EUA, Donald Trump, mandou as tropas americanas saírem do norte da Síria, onde está a fronteira com a Turquia;
  • essa é uma das áreas onde vivem os curdos, um povo de cerca de 35 milhões de pessoas que não tem um país e se espalha por partes da Síria, do Irã, do Iraque e da Turquia;
  • os curdos querem formar uma nação independente, mas enfrentam a resistência dos governos da região;
  • nos últimos 6 anos, milícias formadas por curdos foram as principais aliadas dos EUA na luta para derrotar os terroristas do Estado Islâmico;
  • por outro lado, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusa os curdos que vivem na Síria de terrorismo. Segundo ele, esses grupos estariam por trás de ataques ocorridos na Turquia;
  • a saída das tropas americanas do norte da Síria abriu caminho para Erdogan atacar os curdos, e a ofensiva começou na última quarta (9);
  • o presidente turco alega que quer controlar militarmente aquela região para poder repatriar os milhares de sírios que fugiram para a Turquia por causa da guerra civil em seu país;
  • sem a proteção militar dos EUA, cerca de 2 milhões de curdos na Síria ficaram expostos;
  • a “traição” de Trump foi criticada até mesmo por aliados nos EUA, que temem que a instabilidade provocada por um novo confronto na Síria fortaleça o Estado Islâmico;
  • outro risco apontado por esses críticos é a possível aproximação dos curdos com os governos da Síria e da Rússia, adversários dos americanos.

O observatório informou ainda que as forças turcas e grupos sírios aliados dominaram Tal Abyad, na maior cidade conquistada até o momento pela ofensiva de Ancara que teve início na quarta-feira (9).

Um novo comboio de tanques turcos chegou até a região norte da Síria e os disparos de artilharia continuaram pela manhã deste domingo. Segundo a CNN, forças turcas bloquearam a principal via que dá acesso a Kobani.

Em resposta aos ataques turcos, cerca de 300 projéteis das milícias sírio-curdas caíram em diferentes áreas do sul da Turquia, deixando 18 mortos e 100 feridos, todos civis, informam agências internacionais de notícias.

Fuga de pessoas ligadas ao Estado Islâmico

Autoridades curdas informaram que centenas de estrangeiros ligados ao Estado Islâmico fugiram do campo de refugiados de Ain Issa, que abriga cerca de 12 mil deslocados por causa do conflito. Entre eles, estão cerca de mil estrangeiros, como mulheres e crianças, com conexão com o grupo terrorista.

O número exato de fugitivos ainda não está claro: um grupo que monitora o conflito fala em 100, mas autoridades curdas dizem que esse número pode chegar a 800.

Preocupação europeia

O destino dos extremistas islâmicos que atualmente estão presos na Síria preocupa a comunidade internacional. Antes mesmo do início da ofensiva turca, as Forças Democráticas da Síria (FDS), integradas às principais milícias curdas da Síria, já tinham deixado claro que teriam que concentrar suas forças em se defender.

Neste domingo, a França manifestou sua “preocupação” depois que os familiares de extremistas fugiram do acampamento de refugiados e pediu à Turquia o fim de sua intervenção militar. “Evidentemente, estamos preocupados com o que possa acontecer. É por isso que desejamos que a Turquia acabe o mais rápido possível com sua intervenção” militar no norte da Síria, declarou o porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye, em entrevista à televisão pública francesa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também pediu ao presidente turco que pare “imediatamente” a ofensiva, advertindo que ela pode favorecer “a desestabilização da região e um ressurgimento do Estado Islâmico”.

130 mil pessoas em fuga

Mais de 130 mil pessoas deixaram suas casas nas cidades de Tell Abiad e Ras al Ain, no nordeste da Síria, desde o início da ofensiva.

Alguns deles foram recebidos por parentes em vários locais, mas muitos se refugiaram em escolas ou abrigos coletivos em cidades como Tal Amr, Hasakeh ou Raqa, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

A organização estima que cerca de 400 mil pessoas na região podem precisar de assistência e proteção nos próximos dias.

A ONU também alertou que os hospitais públicos e privados de Ras al Ain e Tell Abiad fecharam suas portas na sexta-feira (11), e que mais de 400 mil pessoas ficaram sem abastecimento de água na área de Hasakeh.

Autoridades de várias cidades perto do conflito decretaram o fechamento das escolas por pelo menos três dias, a partir de segunda-feira (14).

‘Operação Fonte de Paz’

O governo turco chama a operação de “Fonte de Paz”. Segundo o presidente Erdogan, os alvos são a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), acusada de ter vínculo com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e o Estado Islâmico. Forças lideradas pela YPG foram aliadas dos Estados Unidos no combate ao grupo terrorista durante a guerra na Síria.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou a retirada das tropas americanas de posições importantes, como Ras al Ain e Tal Abyad, e assumiu o compromisso de não se envolver no confronto, o que evidencia uma mudança da estratégia americana. Na prática, os Estados Unidos abandonaram os curdos, que foram os seus principais aliados na luta contra o grupo extremista. A ofensiva faz crescer o temor de que o Estado Islâmico volte a ganhar força na região.

O objetivo da ação, segundo Erdogan, é estabelecer uma “zona de segurança” no nordeste da Síria. Turquia pretende criar uma “zona livre” na fronteira com a Síria, onde se concentram as forças curdas. O governo de Erdogan alega que a milícia curda YPG, presente nessa região, atua de forma terrorista e está por trás de ataques em território turco ligados ao PKK.

FONTE: Informações | G1

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