Após vazamento de supostos diálogos de Moro, Bolsonaro e integrantes do Executivo usarão celulares criptografados da Abin 

Até então, presidente e ministros usavam aparelhos pessoais para trocar mensagens por WhatsApp. Nova orientação é de redobrar medidas de segurança, inclusive utilizando a Agência Brasileira de Inteligência. 

Após ataque de hackers e o suposto vazamento de diálogos entre procuradores da Operação Lava Jato e o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, está provocando uma mudança de hábito no alto escalão do governo federal.  

O próprio presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do Executivo sempre preferiram o aplicativo de mensagens, como WhatsApp e o Telegram, para se comunicar e tratar inclusive de temas considerados confidenciais, mas devem agora migrar as conversas para telefones criptografados fornecidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência). 

A Abin desenvolveu mecanismos de proteção e criptografia que protegem as comunicações do presidente e de ministros de Estado. De acordo com um auxiliar do Planalto, o caso envolvendo o ministro Moro acendeu o alerta de como o governo e seus integrantes estão expostos e, portanto, a orientação agora é redobrar as medidas de segurança. Segundo a mesma fonte, a tendência é que, finalmente, assuntos sigilosos sejam tratados apenas por telefones criptografados, ou seja com tecnologia que protege os dados dos aparelhos. 

Esses dispositivos fornecidos pela Abin não permitem a instalação de WhatsApp, Telegram e redes sociais. Como o presidente e ministros utilizam o WhatsApp para manter conversas, eles acabam usando seus telefones pessoais, com segurança mais frágil. A justificativa é que, ao chegar ao governo, eles viviam “um período de adaptação” e, portanto, resistiam aos aparelhos criptografados. 

A preocupação do Planalto, neste momento, é se os ataques de hackers colocam em risco até mesmo os dispositivos criptografados e bancos de dados do governo. A avaliação é que está em curso uma “guerra”. 

Na noite desta quarta-feira, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) vem alertando o presidente, ministros, secretários e servidores do alto escalão nos cuidados sobre o risco na comunicação. “O presidente é orientado pelos seus agentes de segurança nas áreas: física e cibernética com comportar-se. Em cima dessas orientações que ele vem tomando as precauções que são necessárias.” 

O site de notícias The Intercept Brasil publicou mensagens atribuídas a Dallagnol e a Sérgio Moro, que indicam que os dois supostamente combinaram atuações na Operação Lava-Jato. A reportagem cita ainda mensagens que sugerem dúvidas dos procuradores sobre as provas para pedir a condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá, poucos dias antes da apresentação da denúncia. 

As conversas tornadas públicas sugerem também que os procuradores teriam comentado sobre uma entrevista que Lula concederia de dentro da cadeia, antes do primeiro turno da eleição presidencial. 

Moro e Dallagnol negam irregularidades e denunciam invasão criminosa de suas comunicações. 

Desde então, o Planalto tem adotado a cautela para tratar o episódio. Auxiliares do presidente defendem que o governo demonstre confiança no ministro, mas sem fazer defesas muito entusiasmadas, uma vez que o site prometeu novas revelações, que o próprio ministro admitiu desconhecer a extensão do que ainda pode ser divulgado.  

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