Na carta, a jovem faz um pedido de socorro para uma amiga. Ela afirma que os abusos aconteceram quando ela era criança e também neste ano. “Amiga, eu não aguento mais! Eu te disse naquele dia que o abuso aconteceu só quando eu era criança, mas não foi, não. Esse ano todo, eu sofri com esse monstro que é o meu ‘padrinho’ e eu não consigo mandar ele parar por medo de ele machucar o meu irmão. Eu sofri esse tempo todo calada, sem coragem de contar para alguém, até que decidi falar para ti”, desabafou a vítima na carta.
A adolescente afirma também já não aguenta mais a violência sofrida e que, por isso, decidiu se pronunciar. “Eu já não aguentava mais, amiga. Eu não quero mais sofrer. A única vez que não sofro é quando estou com minha mãe, quando estou longe daquele monstro.”
A mãe da jovem disse que, ao ler a carta, perplexa, decidiu primeiramente conversar com a filha que, de prontidão, confirmou tudo o que estava escrito: “Eu a chamei para conversar no quarto e ela, ao me abraçar, chorando, me disse que tudo era verdade. Eu pensei que ele tinha tocado nela, mas não que tinha consumado o ato. ”
Após conversar com a filha, a mulher afirmou que levou a adolescente a um ginecologista para, assim, ter provas sobre o que aconteceu. Nos exames, o laudo médico comprovou que havia sinais recentes de relações sexuais. “Minha filha tem 14 anos, na época, tinha 13, mas é uma criança. Ela nem havia menstruado ainda. É uma menina que só ia da escola para casa e vice-versa”, disse a mãe da menina.
Ao reportar o caso para a irmã, a mulher afirmou que, apesar de ter acatado a denúncia, a irmã ainda continua morando com o suspeito. “Ela ficou triste quando eu falei para ela sobre o caso, cheguei a conversar nos dias seguintes, até aconselhando-a. Mas, depois de um tempo, não falei mais com ela. Eu acreditava que quando todo mundo soubesse, ninguém iria apoiar mais ele. Ela disse que tem vergonha de mim e da minha família por causa de tudo o que aconteceu, mas quem deveria ter vergonha é ele. Para mim, ele não é mais nada da minha filha. Ele é um monstro!”
A autônoma alegou que registrou o caso na Delegacia Municipal de Ubajara, mas que, até agora, apenas a filha e as colegas prestaram depoimento, mas que ela não foi chamada para para ser ouvida, bem como também o suspeito não foi notificado pela Polícia sobre as acusações:
“Eu não entendo, pois já temos todos os documentos. Eu pensei que ele seria chamado. Nós não temos condições de pagar um advogado, mas já solicitei orientações para um profissional, pois eu espero que ele seja preso”, afirmou.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que inquérito policial foi instaurado na Delegacia Municipal de Ubajara para que o caso de estupro de vulnerável seja investigado. O órgão informou ainda que A Polícia Civil enviará o inquérito ao Poder Judiciário.
FONTE: Informações | G1/CE
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