Miss acusa motorista de app de passar mão no seio e coxa dela

A miss, modelo e estudante Ariana de Melo denunciou à Polícia Civil um motorista de transporte por aplicativo de passar a mão em seu seio e na sua coxa dentro do carro, durante uma corrida na tarde de terça-feira (19), entre Barueri, na região metropolitana, e a capital paulista.

A mulher, que tem 27 anos e representou a cidade litorânea de Ilhabela no concurso de beleza Miss Universo São Paulo, disse ainda que o condutor a chamou de “gostosa” e “prostituta” e a xingou de “vagabunda” e “piranha”.

Após a miss Ilhabela registrar boletim de ocorrência do caso numa delegacia, o motorista, um homem de 52 anos, foi identificado, procurado e preso em flagrante e indiciado por importunação sexual. A prisão foi feita pela pela 1ª Delegacia de Capturas do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope).

Importunação sexual
O crime de importunação sexual difere do de assédio sexual, que se baseia em uma relação de hierarquia e subordinação entre a vítima e o agressor. A importunação sexual é uma lei que entrou em vigor em 2018 e criminaliza atos libidinosos sem o consentimento da vítima, como toques inapropriados. Em caso de condenação, a pena é de 1 a 5 anos de prisão.

O g1 não conseguiu localizar Ariana ou a defesa do motorista para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem.
Em entrevista na terça à TV Bandeirantes, a modelo disse que o motorista “começou a falar palavras sexuais. Foi horrível. Passou a mão em mim, passou a mão no meu peito, passou a mão na minha perna”. À TV Record, ela falou que é necessário denunciar à polícia casos como o que ela passou: “Denuncie, denuncie. Chega de a gente ficar calada”.

Ariana nasceu em Arcoverde, em Pernambuco, e atualmente mora em São Paulo, por causa do trabalho como modelo em eventos e desfiles. Ela tem mais

O que diz a miss
Segundo a polícia, por volta das 13h de terça, Ariana pediu um carro pelo aplicativo InDriver quando estava em Barueri e queria ir para o bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital.

Quando entrou e sentou no banco traseiro do veículo, um Renault Logan prata, a passageira disse que o motorista fez várias perguntas aleatórias a ela, inclusive indagou qual era a sua profissão. Segundo ela, ao responder que é modelo, o homem falou: “Você é uma modelo bonita e gostosa”.

Depois, ainda de acordo com Ariana, o condutor perguntou se ela era “garota de programa”. Ao ouvir essas palavras, a mulher falou que pediu para ele parar o carro porque gostaria de pagar a corrida e descer, já que estava perto da sua residência.

Mas segundo Ariana, o motorista não parou o automóvel, travou as portas para que ela não saísse até para em frente ao prédio onde mora. Ao chegarem próximo ao local, o homem reduziu a velocidade perguntou se ela iria fazer “ponto”, insinuando que ela faria programas sexuais.

Ainda de acordo com o relato de Ariana, o motorista então se virou para ela e “passou a mão em seu seio e coxa”. A modelo ainda respondeu para o homem tirar as mãos dela e abrir a porta do veículo.

Quando o automóvel parou na frente do edifício onde ela mora, Ariane falou que pagou a corrida de R$ 48, mas o condutor ainda não havia destravado as portas para ela descer. Segundo ela, o homem falou: “Você só vai descer quando der o que eu quero”.

Nesse instante, Ariana disse que passou a gritar e bater nas janelas do carro pedindo socorro temendo por sua “integridade física”. Algumas pessoas que passavam pelo local pararam para ajudá-la, obrigando o motorista a abrir a porta para ela sair, segundo a mulher.

Ao sair do veículo, Ariana contou que o motorista ainda a chamou de “prostituta” e a xingou de “vagabunda” e “piranha”. Depois o motorista foi embora com o carro.

Diante do que ocorreu, a miss procurou a Polícia Civil, que registrou o caso como crime sexual e passou a procurar o motorista, que foi encontrado e levado à delegacia.

O que diz o motorista
Em seu interrogatório no Dope, o motorista negou as acusações de que abusou sexualmente de Ariana. O homem alegou que não conversou com ela, quando entrou no carro, que é de propriedade do filho dele. E que os dois discutiram quando ele disse à passageira que teria de cobrar R$ 5 pela corrida por ter pago o pedágio.

Segundo o condutor, o valor combinado pelo aplicativo InDriver para levar a mulher havia sido fixado em R$ 48. E com o valor adicional sairia por R$ 52,90. Mas de acordo com o motorista, a miss “recusou-se a pagar” esse valor, dizendo que pagaria somente R$ 44.

Em seguida, de acordo com o condutor, a passageira saiu do veículo no seu local de destino, em São Paulo, e começou a gritar que estava sendo sequestrada, chamando a atenção de outras pessoas. Ele alegou que insistiu que ela pagasse a corrida, o que foi feito depois.

Diante do que ocorreu, o motorista falou que procurou a empresa InDriver para contar sua versão do que ocorreu. O g1 não conseguiu localizar a empresa para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

Depois disso, o Dope identificou o motorista e prendeu por importunação sexual, sem direito a pagamento de fiança. O homem foi levado ao 77º Distrito Policial (DP), em Santa Cecília, no Centro de São Paulo.

O que diz a polícia
Procurada para comentar o assunto, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, por nota divulgada por sua assessoria de imprensa que o motorista estava “à disposição da Justiça”. A previsão é de que ele passe por uma audiência de custódia nesta quarta-feira (20) que decidirá se continua preso ou se responde ao crime de importunação sexual em liberdade.

“Eu acho isso um absurdo”, disse ao g1 a delegada Ivalda Oliveira Aleixo, do Dope, sobre a denúncia levada à polícia por Ariana. “Levando-se em consideração a versão da vítima, a gente não tem nem porque duvidar. Ninguém ia sair 2h da manhã de uma delegacia por conta de R$ 5. Não combinou a versão dele [do motorista].”

De acordo com o registro policial, apesar de as versões da vítima e do suspeito serem diferentes, com a mulher acusando o homem de abusar dela e ele negando, “as declarações das vítimas de crimes sexuais têm especial relevo na análise dos fatos”.

Segundo a ocorrência feita no Dope, “na imensa maioria das vezes, esses delitos ocorrem em situações em que não há a presença de testemunhas diretas, ocorrendo em circunstâncias que privilegiam a prática da infração penal, ou seja, às escondidas, como na presente ocorrência, dentro de um automóvel”.

A delegada ainda deu recomendações para pessoas que suspeitarem de atitudes estranhas de motoristas de aplicativos. “Deixar atento que se você perceber se motorista está com atitude estranha ou a conversa, pare a corrida, peça para parar. Ligue para alguém de dentro do carro para ver que você está falando com alguém. Chame a polícia.”.

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