qua, 28 de maio de 2025

Após tratar linfoma de Hodgkin, jovem se casa com amigo no mesmo horário em que fez 1ª quimioterapia e transplante: ‘Tudo tinha um porquê’

Com 58 sessões, incluindo quimioterapia, radioterapia e transplante de medula, Anally Marchesi celebrou a cura e o amor no altar, ao lado de Maurílio Marchesi, em Bálsamo (SP), às 15h, mesmo horário do Terço da Misericórdia, oração praticada constantemente durante o tratamento.

Aos 27 anos, a bancária e moradora de Bálsamo (SP), Anally Azevedo Marangoni Marchesi, diagnosticada com linfoma de Hodgkin, viveu um dos momentos mais emocionantes de sua vida: o casamento. A cerimônia aconteceu no dia 26 de abril, às 15h, na Igreja Nossa Senhora da Paz do município, exatamente no mesmo horário em que ela fez a primeira sessão de quimioterapia, o transplante de medula, além do Terço da Misericórdia, oração praticada constantemente e muito importante ao longo do tratamento.

O momento, marcado não só pelo amor, mas por um profundo sentimento de gratidão, coroou o fim da luta contra a doença. Na ocasião, a jovem trocou as alianças com Maurílio Silva Marchesi, médico veterinário de 29 anos, com quem já mantinha uma amizade. Diagnosticada com o câncer no mediastino direito, região entre o pulmão e o coração, ela enfrentou um tratamento longo e desafiador.

“Se eu comecei a primeira quimioterapia às 15h, que para muitos é sinônimo de morte, estar ali de pé, bem, e diante do altar ao lado do meu melhor amigo é um milagre”, afirma ao g1. 

O diagnóstico veio em maio de 2022, após exames motivados por um cansaço constante e dores no peito. “Quando recebemos a notícia, foi um choque”, conta Anally. A mãe, Arali Cristina, comerciante de 54 anos, sentiu muito ao receber o diagnóstico da filha.

Meu mundo desabou. Foi como se um elevador tivesse caído do 13º andar em cima de nós”, diz.

Recentemente, o transplante de medula foi realizado no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP), enquanto as demais etapas do tratamento aconteceram em outros hospitais e na Santa Casa da cidade.

À reportagem, Anally conta que, apesar das dores físicas e dos efeitos colaterais, como queda de cabelo, fraqueza extrema e internações, ela se manteve confiante.

“Teve um dia que eu pensei que não ia aguentar. Estava com febre, vomitando, sem forças. Naquela hora, rezei, pedi ajuda a Deus, e senti paz. Aquilo me manteve de pé”, conta.

📿Terço da Misericórdia

A espiritualidade foi o alicerce de Anally. A devoção ao Terço da Misericórdia começou ainda no hospital. “Meu pai estava comigo na primeira quimioterapia. Ligou a TV e começou o Terço na Canção Nova. A partir dali, passei a rezar todos os dias às 15h.” Hoje, ela continua a prática dia após dia e conduz a oração com amigas na paróquia de Bálsamo.

Ao lado de Maurílio, com quem compartilhou não só o amor, mas também a caminhada de recuperação, Anally celebrou um recomeço nesse mesmo horário. “Nos unimos ainda mais durante a doença. Ele foi meu porto seguro. Casar com meu melhor amigo, no horário que representa minha cura, foi a concretização de tudo o que pedi a Deus”, conta.

A cerimônia foi cuidadosamente planejada para refletir a fé do casal. As madrinhas usaram vestidos azul-marinho, em referência ao manto de Nossa Senhora Aparecida. Já a mãe e a sogra da noiva vestiram rosa, cor associada à Nossa Senhora da Paz, padroeira da cidade. “Cada detalhe foi pensado com carinho. Tudo tinha um porquê”, conta Anally.

Entre as lembranças entregues aos padrinhos estava a imagem da Sagrada Família. “Ela representa o modelo de família que queremos construir: com base em Jesus, Maria e José”, completa.

A emoção do casamento tocou a todos, especialmente os pais da noiva. “Ver a Anally hoje, curada, casada, com saúde, é ver um milagre diante dos olhos”, disse a mãe. O pai, Antônio Cézar, comerciante de 61 anos, também se emociona ao lembrar da trajetória da filha.

“Tudo aconteceu às 15h, a primeira quimioterapia, o transplante e o casamento. O Terço da Misericórdia está presente em cada passo”, relembra.

Para o noivo, agora marido, ver Anally vencer o câncer é um presente. “Eu sempre soube da força da Anally, mas vê-la atravessar tudo isso com fé e coragem foi inspirador. Tê-la ao meu lado, sorrindo, vestida de noiva, foi a certeza de que o amor supera tudo”, completa.

Atualmente, Anally está em processo de remissão da doença, mas ainda se recupera dos efeitos do tratamento. Afastada do trabalho, ela vive uma fase de gratidão.

“Deus mostrou que ele é misericordioso, e se nele confiar e crer, ele tudo fará, e eu só tenho a agradecer por tudo o que aconteceu na minha vida”, conta.

*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza – G1

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